Viagem para Morro do Chapéu, Bahia 05-0
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Viagem para Morro do Chapéu, Bahia 05-0
Esta matéria tive de roubar pois é FANTASTICA...
Marlon Machado
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Herbario HUEFS
Universidade Estadual de Feira de Santana
Avenida Universitaria S/N - Novo Horizonte
Feira de Santana, Bahia
CEP 44036-900
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Marlon Machado
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Herbario HUEFS
Universidade Estadual de Feira de Santana
Avenida Universitaria S/N - Novo Horizonte
Feira de Santana, Bahia
CEP 44036-900
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Marlon Machado escreveu:Oi pessoal,
No final de semana prolongado do sete de setembro eu viajei para Morro do Chapéu, uma cidade que fica na região central da Bahia, e que tem uma vegetação fantástica - a cidade fica na porção norte da Chapada Diamantina, e possui áreas de campo rupestre, cerrado, floresta úmida, diferentes formas de caatinga e transições entre todos estes tipos de vegetação. Como resultado, a flora de Morro do Chapéu é muito rica, com muitas espécies de plantas crescendo naquela região. Isso sem contar que muito da vegetação natural ainda está bem preservada!
Viajei com um colega aqui da Universidade, que está estudando um grupo de plantas que ocorre em Morro do Chapéu. Nosso primeiro dia no campo foi no sábado, 5 de setembro. Visitamos uma área de caatinga bem preservada, dominada por umburanas (Commiphora leptophloeos), embiruçús (Pseudobombax marginatum) e barrigudas (Ceiba glaziovii). Claro, existiam várias outras espécies de plantas, mas essas três são as que mais se sobressaem. A região ainda está na época de estiagem, e as plantas estavam todas sem folhas.
Eu gosto de observar e fotografar as árvores que encontro, pois elas servem como inspiração de formas naturais para bonsais feitos com estas espécies nativas. Veja por exemplo a seguinte umburana: a árbore é inclinada, e possui raízes (nebari) apenas no lado oposto à direção do tronco, deixando a impressão de que a árvore está bem ancorada no chão e que apesar da inclinação do tronco, ela não vai cair. Reparem também no oco (uro) do tronco, e na madeira morta do lado direito (jin). Ou seja, uma combinação de várias características que compõem a personalidade de um bonsai!
Segue uma vista desta área de caatinga, com uma grande umburana no primeiro plano:
Na foto abaixo estão lado a lado as duas espécies de árvore dominantes no local, o embiruçú (à esquerda) e a umburana (à direita). Percebam a diferença no padrão de tronco e ramificação das espécies:
Segue abaixo um exemplar de embiruçú com tronco duplo, ambos com excelente movimento:
E aqui uma foto da copa do embiruçú, mostrando o padrão de ramificação esgalhado desta espécie:
O Pseudobombax marginatum é uma árvore interessante, pois as plantas quase sempre formam colunas indivisas, sendo que a parte superior do tronco é inclinada para um lado, formando uma silhueta arqueda, como é bem visível no exemplar esguio de embiruçú abaixo:
Mais um embiruçú, veja como a copa é bem esgalhada:
Close-up da copa do embiruçú:
Abaixo está a foto de um exemplar bem grande de embiruçú que encontramos no local. Todas as plantas desta espécie de embiruçú (Pseudobombax marginatum) possuem essa silhueta curvada:
Outro ângulo do mesmo embiruçú, neste ângulo a curva do topo do tronco fica ainda mais pronunciada. Esta é uma forma que pode ser explorada quando fazendo bonsai de embiruçú, é uma forma natural e de impacto, bastante chamativa.
Nós encontramos um exemplar de embiruçú com uma textura fantástica de casca, toda rugosa, parecendo uma vela derretida:
E este era um exemplar bem grande também, o mais bonito da área:
Close-up da casca deste embiruçú:
De mais perto:
Mais um close-up da casca:
E como falei no início, neste local também haviam várias barrigudas, algumas bem grandes:
Última edição por Luciano Benyakob em Seg Jan 23, 2012 2:19 pm, editado 1 vez(es)
Re: Viagem para Morro do Chapéu, Bahia 05-0
Marlon Machado escreveu:No domingo dia 6 de setembro, nós visitamos uma outra área em Morro de Chapéu, também de Caatinga porém com uma composição de plantas diferente. Neste local, as árvores que dominavam a paisagem eram a sempre presente umburana, e o Bombacopsis retusa, uma arvoreta da família das barrigudas (Bombacaceae). Esta é uma espécie que pretendo testar em cultivo, ver como ela responde ao treinamento como bonsai. Gosto de espécies nativas da caatinga, especialmente as que são bastante xerófitas, pois plantas assim são em geral bastante rústicas e resistentes. Seguem abaixo algumas fotos do Bombacopsis retusa:
Exemplar com tronco arqueado:
Outra foto do mesmo exemplar:
Árvoreta de Bombacopsis retusa mostrando o padrão de ramificação da copa:
Outro exemplar de Bombacopsis retusa:
Mais um exemplar de Bombacopsis retusa:
Meu colega próximo de uma arvoreta de Bombacopsis retusa, mostrando o tamanho que esta espécie atinge na natureza:
Fruto de Bombacopsis retusa. Infelizmente os frutos não estavam maduros, e não pude coletar sementes:
Folhas jovens de Bombacopsis retusa, a folha desta espécie é digitada com 3 a 4 folíolos, e cada folíolo tem uns cinco centímetros de comprimento por três de largura:
Um exemplar jovem de umburana:
E uma umburana bem velha, que no passado sofreu um trauma - provavelmente um galho bem grosso não suportou o próprio peso e caiu, rasgando a lateral da árvore, que com o tempo formou esse shari natural:
Close-up mostrando a madeira morta e oca, e como a árvore vem cicatrizando na periferia da ferida:
Re: Viagem para Morro do Chapéu, Bahia 05-0
Marlon MachadoMarlon Machado escreveu:No dia sete de setembro nós fomos para outra área de caatinga, com uma composição de plantas novamente diferente. Neste local ocorre por exemplo a Calliandra depauperata:
Mas a umburana está sempre presente, formando uma verdadeira floresta:
Com bastante cactos crescendo junto das umburanas, como o xiquexique, Pilosocereus gounellei:
Uma vista da estrada, ladeada por umburanas:
Aqui as duas espécies de umburana, lado a lado: na esquerda a umburana de cambão, Commiphora leptophloeos. Na direita a umburana de cheiro, Amburana cearensis. Ambas árvores são parecidas, principalmente devido à casca escamante de colorido similar, porém elas pertencem a famílias botânicas diferentes, a umburana de cambão pertence à família Burseraceae, que é a família da árvore do incenso e da mirra da bíblia, enquanto que a umburana de cheiro pertence à família Leguminosae, que é a família do feijão. As árvores, apesar de terem o mesmo nome e aparência similar, podem ser facilmente distinguidas mesmo na estação seca, por conta dos padrões de ramificação bem distintos que possuem:
Na foto abaixo, outra vista da floresta de umburanas, sendo que a planta no centro é um indivíduo jovem de barriguda, Ceiba glaziovii:
Paisagem da caatinga, com umburanas majestosas:
Close-up da foto anterior, mostrando uma das umburanas:
Outro exemplar fantástico de umburana:
Reparem na umburana da foto abaixo. Metade da árvore está morta, a madeira morta formando um jin natural:
Close-up da umburana da foto anterior, mostrando mais claramente o jin:
Neste local também cresce em quantidade uma outra espécie de embiruçú, o Pseudobombax simplicifolium:
Esta espécie se distingue das demais por apresentar folhas simples e pequenas. A árvore de Pseudobombax simplicifolium se diferencia do Pseudobombax marginatum por ser mais esguia, em geral não ter um tronco arqueado, e ter uma copa melhor ramificada. Outra diferença está na casca, que é menos esverdeada. Abaixo uma foto do Pseudobombax simplicifolium crescendo próximo das umburanas:
Segue uma foto do tronco de um dos Pseudobombax simplicifolium:
E abaixo um close-up da casca, mostrando o padrão de estrias diferente do encontrado no Pseudobombax marginatum:
A foto abaixo é do tronco de um outro exemplar de Pseudobombax simplicifolium:
Close-up da casca:
As fotos abaixo mostram diversos exemplares do embiruçú Pseudobombax simplicifolium, vejam o padrão do tronco esguio e da ramificação mais densa desta espécie:
Em alguns pontos da área de caatinga onde esses embiruçús e umburanas crescem, existem áreas de afloramentos de rocha calcárea. Nestes locais, conhecidos como lajedos, crescem populações grandes do cacto cabeça-de-frade, Melocactus pachyacanthus:
Por conta do solo bem raso, quase não existente, as plantas de embiruçú e umburana que crescem sobre os lajedos são em geral raquíticas, retorcidas, e bastante ramificadas - material excelente de yamadori para bonsai. Eu coletei oito plantas nesta área, sendo seis umburanas e dois embiruçús. Depois eu enviarei fotos deste material para vocês verem.
Espero que tenham gostado da viagem para Morro do Chapéu!
Abraços,
Marlon Machado
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Re: Viagem para Morro do Chapéu, Bahia 05-0
Bela matéria.
Simplesmente fantástica.
Simplesmente fantástica.
Angela- Mensagens : 1006
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Localização : Niterói
Re: Viagem para Morro do Chapéu, Bahia 05-0
E serve de alerta pro pessoal do Sertão do Nordeste sobre o material que eles dispoem.
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